Ensejo das religiões
Desde os primórdios das civilizações, o homem, intuitivamente, traz consigo a idéia de algo superior a ele. No início causavam-lhe temor e admiração os fenômenos da natureza, como raios e trovões, eclipses, tempestades e os elementos naturais como água, sol, lua, terra e posteriormente pelo fogo. Achados de mais de 80.000 anos demonstram que o ser humano já praticava algum ritual religioso. Esqueletos deitados e com os joelhos dobrados, recobertos de pó vermelho alaranjado, indicam claramente que tratava-se de uma cova funerária em que se havia praticado um ritual de exéquias. A partir do fim da pré-história, o homem começou a agrupar-se em torno de uma idéia religiosa, tendo em comum a adoração por vários deuses (politeísmo). No decorrer dos tempos, o homem foi incorporando aos objetos de adoração inicial, divindades cada vez mais semelhantes ao ser humano centradas em figuras de criaturas que ainda viviam entre eles e que exerciam alguma forma de poder, ou figuras que já tinham vivido, como reis, rainhas etc. A imaginação popular da época, se encarregava de emprestar a esses seres, qualidades que eles não possuíam, moldando neles a imagem de um deus todo poderoso.
A história das civilizações nos informa que aos poucos os povos foram se agrupando de forma mais organizada e incorporando em sua cultura esse aspecto religioso que marcou quase todas as grandes civilizações deste planeta.
As primeiras civilizações de que temos conhecimento até hoje são as orientais (4 a 2 mil anos a.C.). Primeiramente os sumérios, acadianos, babilônios, assírios e egípcios (4 mil a 2 mil a.C.), e depois deles os fenícios, chineses, hindus, hititas, persas e medos (2.000 a.C a 300 a.C.), todos eram politeístas, com variações em suas divindades. As civilizações ocidentais: a cretense, a grega e a romana ( 1.500 a.C. a 300 d.C.) são mais novas e também tiveram o politeísmo como fator determinante em suas religiões. De todos esses povos, os assírios foram os primeiros a desviarem a rota do politeismo para o henoteismo (monolatria) que era a crença em duas ou mais divindades porém a adoração de uma só divindade, que era Assur. Depois foram seguidos pelos egípcios (deus Aton), fenícios (deus Baal) e finalmente pelos hebreus que provinham do Egito e perambulavam pela Fenícia e Canaã.
Religião implica na crença em seres considerados sobrenaturais, criadores do Universo. Os povos da Mesopotâmia, os sumérios, os assírios e os babilônios acreditavam que a finalidade desses serres era orientar moralmente o homem através dos ensinamentos da espiritualidade, levando-o à imortalidade .
A crença na existência da alma, de uma vida além da morte física e de leis morais que são fundamentos de todas as coisas tornaram-se a base da religião dos assírios e babilônios . Tais princípios emanariam do deus supremo, início de tudo, Assur e deveriam ser levados a todas as regiões do planeta; por esse motivo, eles tinham o dever de conquistar todas as nações e lhes "impor" esse conhecimento. Assim procederam até o desgaste de sua vitalidade como governo e acabaram por serem dominados por outros povos. Daí por diante, passaram à prática de zelar por sua fé de maneira pacífica até a chegada do Cristianismo através dos apóstolos e discípulos de Jesus de Nazaré.
Cristianismo
Iniciada por Jesus Cristo e seus discípulos, na primeira metade do século I; dentro da tradição assíria, foi Abgar, rei de um pequeno reinado assírio, o reinado de Urhoi (conhecido como Osrehene pelos romanos, atualmente Urfa na Turquia), que em 32 ou 33 d.C., ouvira falar de Jesus, enviou um missivista para convidá-lo a seu reinado, e quando do retorno do missivista, foi então convertido todo o povo de seu reino à nova fé. Depois, a capital da província Síria, Antioquia, aceitou a pregação cristã e lá foi fundada e organizada a primeira Igreja Cristã. De lá emanaram muitas pregações, tanto para oriente como para ocidente, transformando o cristianismo numa das religiões mais difundidas no mundo, com algo em torno de 1,9 bilhão de fiéis. O cristianismo entre os assírios compõe-se basicamente de duas grandes divisões que surgiram a partir do Concílio de Éfeso : Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia e Igreja Assíria do Oriente. No século XVII, surge a partir da Igreja Assíria do Oriente a Igreja Caldéia, ligada à Igreja Romana e no início do século XIX, surge a partir da Igreja Ortodoxa de Antioquia, uma pequena Igreja Siríaca Católica Romana e no último século surgiram diversas denominações do protestantismo americano.
Mandeus
Além do cristianismo apostólico, existe uma pequena comunidade assíria gnóstica conhecida como Mandeus (madôie em aramaico) que aceitam o batismo de São João Batista porém não os ensinamentos de Jesus Cristo.
Não Cristãos
Basicamente, os assírios não cristãos dividem-se em dois grupos: os maometanos que aceitaram os ensinamentos de Maomé, profeta dos árabes e os Yezidis que formaram um sincretismo entre o zoroastrismo persa e parte das crenças antigas dos assírios, em especial o mito do "rei pavão" (malec tauss=malco táusso). Ambos grupos assimilaram a língua e a cultura árabe e acabaram por perder a sua identidade assíria.
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