quarta-feira, 18 de março de 2009

Assíria

Situação Geográfica

A Assíria (também designada por Ashur, Ashshur ou Assur), antigo país da Ásia, estendia-se para Sul, a partir da fronteira do atual Iraque, abarcando o vale do Tigre e do seu afluente, o Grande Zab, constituindo uma área semelhante a um triângulo invertido. As suas mais importantes cidades, situadas no Iraque dos nossos dias, eram Ashur (hoje Sharqat), Nínive (hoje Kuyunjik), Calah (hoje Nimrud) e Dur Sharrukin (hoje Khorsabad).


Origens

Desde o Paleolítico que a região que mais tarde viria a constituir a Assíria foi habitada. A sedentarização das populações ter-se-á iniciado cerca de 6500 a.C. e a composição étnica das primeiras comunidades de agricultores é desconhecida - talvez um povo (posteriormente conhecido como Subariano) que falava uma língua aglutinativa (não flexionável). Provavelmente no 3º milênio a.C., nômades semíticos conquistaram a região e deram origem a uma língua flexionável, parecida com a da Babilônia, que era a dominante na região. A escrita assíria era uma versão ligeiramente modificada da cuneiforme babilônica.

No 7º milênio a.C., os agricultores assírios cultivavam trigo e cevada, possuíam gado, construíam casas (algumas com quatro divisões), usavam fornos e guardavam os cereais em vasilhas de barro. Estes povos agrícolas produziam têxteis com rocas de fiar, faziam facas de obsidiana e sílex córneo; usavam machados de pedra, enxós e sacolas. A sua cerâmica era notável, a maioria constituída por barro cozido e pintado. A obsidiana e outras pedras duras eram trabalhadas de modo a originar jarras, contas, amuletos e selos. Modelavam figuras femininas em barro, com fins religiosos e rituais. Os mortos eram freqüentemente enterrados em posição flexionada, com os joelhos junto ao queixo e enterrados entre as casas.

Cultura e Costumes

A cultura assíria se destacava em sua literatura e os reis assírios cultos, sobretudo Assurbanipal, encheram as suas bibliotecas com cópias de documentos literários. A vida social, familiar, o casamentos, os costumes e as leis relativas à propriedade eram igualmente semelhantes às da Babilônia. Os documentos da Corte e registros legais até agora encontrados partilham muito da lei babilônia e Suméria, embora as penalidades criminais assírias fossem mais brutais e bárbaras.

A nível de práticas e crenças religiosas, verifica-se que o deus Marduk babilônico foi substituído pelo deus assírio nacional, Ashur. Os maiores legados assírios situam-se no campo da arte e da arquitetura.

No 3º milênio a.C. a Assíria, tal como a maior parte do Médio Oriente, ficou sob a influência da civilização Suméria, do Sul - por volta de 2300 a.C., fazia parte do império da Suméria e da Acádia. Na seqüência do colapso deste império, cerca de 2000 a.C., os Amoritas (um povo nômade semítico, do deserto arábico) infiltraram-se e conquistaram grande parte da Mesopotâmia, incluindo a Assíria. Cerca de 1850 a.C., os mercadores assírios tinham colonizado partes da Anatólia Central (Ásia Menor), onde comerciavam cobre, prata, ouro, latão e têxteis.

As culturas primitivas utilizavam-se, portanto, dos produtos disponíveis à sua volta e inventaram utensílios, técnicas de exploração e tecnologias de construção para poder utilizá-los em suas edificações. Seu legado serviu de base para o desenvolvimento dos métodos industriais modernos.

Um dos fatores que mais influenciou a arquitetura ao longo da história foi o desejo de ostentação: edifícios que fossem o orgulho de um povo, que refletissem o status pessoal ou coletivo, ou palácios para reis e imperadores, construídos como símbolos de seu poder. Em geral, as classes previlegiadas sempre foram mecenas de arquitetos, artistas e artesãos, e seus projetos se converteram, algumas vezes, no melhor legado artístico de sua época.

Em 1.000 a.C., a arquitetura atingiu grande esplendor entre os assírios: usavam largos pórticos sustentados por colunas de madeira, com bases ricamente ornamentadas, a cujos lados colocavam pesadas esculturas de animais. Os babilônios, que depois dos assírios dominaram a Mesopotâmia, conservaram os elementos assírios, do mesmo modo que os persas.

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Decoração Mural Assíria

Móveis de estilo assírio


Indumentárias

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Indumentária Assíria

Durante os períodos Neo-Sumério e Velho Babilônico (1900 – 1595 a.C.), os estilos de roupas masculinos e femininos permaneceram o mesmo, com variações menores. Homens continuaram a vestir túnicas, mas as extremidades e as bainhas dos seus trajes se tornaram mais elaborados. Os desenhos (padrões) das túnicas eram às vezes impressos em contratos, ao invés de em um selo (brasão). De aproximadamente 1400 antes da a.C. em diante, ambos homens e mulheres Assírios vestiam grampos ornados com franjas de pano envoltas no corpo e mantidas no lugar por um cinto, com a extremidade longa, com franjas caindo por entre as pernas. Kilts também eram usados, às vezes por baixo das túnicas.

Mas até o final do primeiro milênio a.C., a moda mudou. A Assíria nos fornece duas fontes de informações sobre o vestuário, sendo que a maior fonte vem de objetos artísticos como esculturas, altos relevos, placas, marfins entalhados, e brasões (selos) cilíndricos. Textos do léxico também contém muitas palavras relativas ao vestuário catalogadas, e listam muitas características dos tecidos, de materiais baratos para os servos aos usados pela realeza.

Homens vestiam uma túnica ou várias túnicas combinadas: esses trajes tinham manga-curta e eram presos por um cinturão na cintura, e os cobriam do pescoço aos joelhos. Às vezes a parte superior da túnica possuía tiras colocadas diagonalmente por cada ombro, cruzando o peito. Pessoas de um nível social melhor, tais como oficiais e militares, adicionaram uma capa à sua vestimenta. Na realidade, as ordens do harém real declaravam que se um cortesão fosse negligente, ele seria despido de sua capa – um claro símbolo de status. A capa era geralmente feita de lã, e as vezes de linho, em azul, vermelho, púrpura e branco. Havia um ornamento por cima, além da capa, que não tinha cavas para os braços e era colocado sobre o pescoço.

Os Assírios geralmente andavam descalços, mesmo quando iam à guerra. Quando eles calçavam algo, geralmente usavam sandalhas com salto triangular e tiras passando por sobre o pé e ao redor do dedão. De vez em quando calçados mais elaborados eram descritos, como botas longas (usadas por guerreiros e caçadores) ou sapatos que cobriam o pé inteiro. Sabe-se menos sobre calçados femininos, apesar da rainha de Assurbanipal ter sido mostrada calçando um tipo de chinelo, cobrindo a metade da frente do pé.

Prisioneiros de guerra geralmente ficavam nus. Os Assírios despiam grupos inteiros da população durante campanhas. Um texto descreveu uma população conquistada como tão empobrecida, que vestiam roupas feitas de papiro, o equivalente ao papel na antiguidade.

Com a queda da Babilônia para o rei Persa Cyrus (539 antes de Cristo), as pessoas da Ásia ocidental vestiam a moda de seus conquistadores – um vestuário tradicional baseada nas calças.

Os registros arqueológicos do segundo milênio antes de Cristo forneceram alguns exemplos de uso de pedras preciosas. Três tumbas reais foram achadas no Palácio Noroeste, construído por Assurmasirpal II (883-859 a.C.).

Na Assíria, ambos homens e mulheres usavam jóias, como brincos, amuletos, selos cilíndricos e braceletes. Os antigos, como as pessoas hoje em dia, deixavam suas jóias através das gerações. Mulheres usavam braceletes nos tornozelos, uma prática ainda existente entre as camponesas no Iraque.

Sabe-se pouco sobre as jóias da Neo-Babilônia, apesar dos textos se referirem aos joalheiros e ourives ligados ao templo Eanna em Uruk, e a casa de um confeccionador de enfeites de contas foi descoberta na Babilônia.

Jóias, incluindo brincos, contas, pingentes, braceletes e tornozeleiras, foram achadas em casas particulares, junto de cosméticos, como potes de ungüentos para o corpo e cabelos, conchas de mexilhão contendo kohl (tipo de cosmético usado por mulheres no oriente – sombra de olho azul), escovas feitas de madeira e marfim, e pinças e espelhos de cobre e prata e até mesmo ouro. Os efeitos de bronze altamente polido, o que condicionava reflexos na sua superfície.

Perfumes e Cosméticos

A evidência de cosméticos é fraca. Mulheres usavam cosméticos para os olhos e para aspecto geral do rosto. Pigmentos branco, vermelho, amarelo, azul, verde e preto foram achados em conchas de mariscos nas tumbas do Cemitério Real de Ur. Alguns textos se referem aos cosméticos, mas esses textos são muito difíceis de ser interpretados. Uma lenda do segundo milênio sobre a Grande Deusa Suméria Inanna (mais tarde chamada de Ishtar) descrevia as Suas preparações para a descida ao Mundo dos Mortos. "Ela pintou seus olhos com uma pintura chamada "Deixe ele vir, deixe ele gozar". É claro, maquilagem para os olhos era considerado sensual, e um bom marketing era importante mesmo nos tempos antigos. A base dos cosméticos para olhos era a pomada de antimônio, que era aplicada com um pino de marfim entalhado. Rouge foi mencionado em uma lista de sinônimos: em Sumério, era traduzido como "pasta de ouro", e em Acádio como "pigmento vermelho para o rosto".

Substâncias aromáticas se tornaram a principal indústria na Mesopotâmia; elas eram usadas para medicina, rituais e cosméticos. As mulheres tinham uma função principal na manufatura dos perfumes. Plantas aromáticas eram empapadas e fervidas na água, em fogo brando, por vários dias, colocadas em óleo (azeite) e então escumada.

fonte: www.syriac-br.org

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