por Sílvia Sônia Simões1
Mapear a disseminação da heresia nestoriana nos permite compreender como uma crença religiosa ou uma visão de mundo que diverge quanto ao que é estabelecido como dogma num certo local pode afetar o mundo material com suas opiniões e propostas, consideradas inicialmente heréticas. Além disso, nos permite entrever as intrincadas relações entre religião e poder, que autorizam a afirmação de determinada crença em detrimento de outra.
Banida pela ortodoxia do Estado Bizantino no século V, as ideias heréticas nestorianas migraram da região do Egeu e do Oriente Médio, onde nasceram, para a Mesopotâmia e a Pérsia, e, depois, para a Índia e a China, através das estepes da Ásia Central, vindo a se constituir como uma igreja cristã independente. Em meados do século XIX, certo número de nestorianos passou para outras comunidades cristãs, especialmente a dos católicos, vindo a constituir a Igreja Caldéia que, conforme dados do ano de 2003, tem a maioria de seus seguidores no Iraque (em torno de 500 mil) - país onde está sediado seu Patriarcado. Também têm dioceses no Egito (Cairo), Síria (Alepo), Irã (Teerã e Urmya), Líbano (Beirute), Turquia (Istambul), América do Norte (Detroit e San Diego) e Oceania, contando com cerca de um milhão e meio de adeptos.2 Os “assírios”, que permaneceram fiéis ao nestorianismo, em 1976 criaram a “Igreja Apostólica Assíria do Oriente”, com adeptos no Iraque, Síria, Índia, América do Norte, Líbano, Irã e Rússia, perfazendo um total de aproximadamente 40 mil participantes3.
Este artigo tem por objetivo examinar alguns dos procedimentos dos adeptos do nestorianismo para promover o ponto de vista de sua doutrina nos séculos iniciais de sua existência. A ênfase maior será dada ao século VI, quando a heresia bizantina organizou-se como igreja cristã independente no mundo persa. Pretende-se também ver de que maneira se deu a aceitação de sua doutrina entre os muçulmanos e entre os nômades das estepes euro-asiáticas.
Este artigo tem por objetivo examinar alguns dos procedimentos dos adeptos do nestorianismo para promover o ponto de vista de sua doutrina nos séculos iniciais de sua existência. A ênfase maior será dada ao século VI, quando a heresia bizantina organizou-se como igreja cristã independente no mundo persa. Pretende-se também ver de que maneira se deu a aceitação de sua doutrina entre os muçulmanos e entre os nômades das estepes euro-asiáticas.
A heresia nestoriana
Em Bizâncio, o político e o religioso andavam sempre juntos, porque o Basileus era a manifestação da divindade e o prolongamento de Deus na terra. Este é, aliás, um dos pressupostos que permitem caracterizar Bizâncio como um Estado Teocrático4.
Neste Império constituído por populações díspares, de diversa procedência (gregos, egípcios, latinos, sírios, eslavos), as controvérsias religiosas sempre tiveram conotação política e social. Por isso, cabia ao Basileus “recuperar, esforçando-se sem descanso, aqueles que se perderam” 5, e obedecer aos sete concílios ecumênicos, mediante juramento prestado por ocasião de sua coroação. As divergências religiosas eram partes fundamentais dos grandes concílios. Como Constantinopla conseguiu, aos poucos, suplantar as sés rivais de Alexandria, Antioquia e Jerusalém, pôde rivalizar com Roma na disputa pela liderança do mundo cristão.
A heresia, considerada crime contra o Estado, passou a ser punida pelos tribunais seculares, adquirindo, dessa maneira, grande implicação política. Indo de encontro aos dogmas estabelecidos pela Igreja, constituía-se num afrontamento à figura do Imperador, porque esse era o responsável por manter as leis fixadas nos concílios. Por outro lado, é flagrante a utilização pela Igreja, nos concílios, de meios coercitivos visando garantir a ordem e a unidade jurídico-moral.
Os sete concílios ecumênicos aos quais o Imperador tinha o dever de preservar foram o Concílio de Nicéia I (325), que combateu o arianismo e estabeleceu o dogma da religião cristã; o Concílio de Constantinopla I (381), que reafirmou o credo de Nicéia como base da crença cristã e esclareceu a posição da Igreja sobre a doutrina da Santíssima Trindade; o Concílio de Éfeso (431), que estabeleceu ter Cristo duas naturezas distintas, mas unidas e atribuídas a uma só pessoa, condenando o nestorianismo; o Concílio de Calcedônia (451), que aprovou os Credos de Nicéia e Contantinopla I, condenou o monofisismo, e estabeleceu que o patriarcado de Constantinopla passasse a ser a segunda sé mais importante do Império, só sendo subordinada à sé de Roma; o Concílio de Constantinopla II (553), que reafirmou o Concílio de Éfeso, rejeitando a posição dos nestorianos com a condenação dos “Três Capítulos”; o Concílio de Constantinopla III (680-81), que condenou os monotelistas, e o Concílio de Nicéia II (787), que decretou o restabelecimento dos ícones, tentando pôr fim a controvérsia iconoclasta 6.
A heresia teve papel central nestes concílios e na legitimação que estes pretendiam dar ao dogma estabelecido. Eram hereges aqueles que não professassem a fé considerada verdadeira, isto é, o credo fixado no Concílio de Nicéia, sendo, por essa razão, tidos como “infiéis”. Como bem salienta Monique Zerner, quando a Igreja institui suas leis, aconteceu uma inversão de papéis: de perseguidos, os cristãos passam a posição de perseguidores. 7
Quanto maior o poder da instituição eclesiástica, mais a heresia tendeu a ser perseguida e condenada. No Império Romano do Oriente, foram tomadas medidas severas para que eles não tivessem condições de expressar suas divergências de opinião. Teodósio I fez do cristianismo a religião oficial do Estado, publicando em 380 um Edito no qual fixava a linha de divisão entre a ortodoxia e a heresia nos termos fixados pela doutrina nicena da Trindade 8.
A ideia da distinção entre as duas naturezas de Cristo, que é o ponto de partida da heresia diofisita, ou nestoriana, nasceu em Antioquia com Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuestia, ficando durante algum tempo restrita aos meios eruditos. Foi com Nestório, Patriarca de Constantinopla (428-431), que ela ganhou notoriedade 9. Este defendeu com ardor a proposição segundo a qual as naturezas divina e humana estavam separadas em Cristo, e que a Virgem Maria não deveria ser considerada mãe de Deus (Theotokos), e sim Christokos, porque ela gerou um homem – Jesus – a quem o verbo de Deus veio a estar temporariamente unido. 10
Em 430, Cirilo de Alexandria, adversário declarado de Nestório, conseguiu que um sínodo romano avaliasse a pertinência teológica de tais proposições, obrigando o Imperador Teodósio II a convocar um concílio para resolver a questão, o que veio a ocorrer na cidade de Éfeso, em 431. O concílio teve início sem a presença da parte oriental do clero cristão do Império, o que facilitou a condenação das ideias “nestorianas”. No entanto, quando o clero oriental chegou, João de Antioquia decidiu estabelecer um concílio paralelo, o que provocou recriminações, levando a que o Imperador interviesse e o dissolvesse. O resultado foi a determinação de que as duas naturezas estavam unidas e em perfeita união na pessoa de Cristo. Considerado herege, Nestório foi destituído do cargo, sendo mandado para um mosteiro e tendo suas obras queimadas. Por isso é que na memória nestoriana destes eventos, o patriarca deposto é visto como homem sábio, sereno, vítima de maquinações de seus inimigos “blasfemos”, “falsos”, e da má vontade de Pulquéria, a influente irmã do Basileus, adepta fervorosa do culto de Maria 11.
Para fazer frente à heresia, outro grande teólogo da época, Eutiques (378-454), formulou a doutrina segundo a qual a natureza divina “absorve” a natureza humana, numa linha de interpretação que veio a ser denominada de Monofisismo, defendendo que a humanidade de Jesus havia sido refundida numa espécie de nova natureza. 12
Em 451, no Concílio de Calcedônia, os monofisistas são por sua vez condenados como heréticos. A maior repercussão política deste concílio foi a não aceitação do Papa Leão I ao cânon 28, que dava à Constantinopla poderes jurídicos no Oriente iguais aos que Roma tinha sobre as comunidades do Ocidente. Esta determinação confirmava uma resolução anterior, tomada no Concílio de Constantinopla I, em 381, que dava privilégios iguais, em matéria eclesiástica, à “Antiga Roma” e à “Nova Roma”, por ser esta a sede do governo e do Senado. O mesmo cânon também estipulava que o patriarca de Constantinopla tinha o direito de investir os bispos das províncias do Ponto, da Ásia e da Trácia, o que lhe dava superioridade no Oriente e, conseqüentemente, equivalia a uma derrota dos alexandrinos. 13
O monofisismo era forte em Alexandria, o nestorianismo em Antioquia. As disputas religiosas eram canais de expressão de rivalidades político-administrativas entre as mais importantes sés do Império Bizantino, revelando, também, sua oposição à autoridade do patriarcado, cuja sede estava em Constantinopla. Do ponto de vista doutrinal, o monofisismo seguia a linha dos pensadores alexandrinos, que procuravam acomodar em sua exegese os elementos da filosofia grega antiga (Orígenes, Clemente e Filon de Alexandria, Basílio de Cesaréia), enquanto o nestorianismo tendia a seguir a interpretação siríaca, segundo a qual os escritos bíblicos não poderiam ser submetidos a nenhuma interpretação racional porque provinham de uma verdade “revelada” (João Crisóstomo, Teodoreto de Cyro, Luciano Samozata). 14
Daí se pode presumir a complexidade assumida pelos debates e polêmicas cristológicas no mundo bizantino. As divergências de opinião eram motivo de perseguição por parte do Estado, porque o poder instituído não podia ser ameaçado pelas diferentes interpretações da crença cristã: o Império Romano Oriental precisava de uma crença uniforme, fundada na lei e na justiça, e que o povo legitimava na medida em que via no Basileus o guardião da autêntica e verdadeira religião. 15 É neste contexto de conflitos doutrinais, ideológicos e políticos que as heresias devem ser entendidas. Contudo, apesar das condenações e perseguições que sofreram em sua origem, as ideias diofisitas sobreviveram a princípio na Síria, depois na Mesopotâmia e na Pérsia, difundindo-se a seguir para locais bem mais distantes, como a Índia, a Ásia Central e a China.
Os Cristãos da Pérsia e a “Escola de Nísibis”
O Ocidente é muito mais tributário da cultura oriental do que costumamos supor. O saber greco-romano, assimilado no Oriente, passou para o Ocidente através das traduções a partir de textos árabes, o que leva a que o Renascimento do século XII, e em certa medida mesmo o Renascimento do século XV, tenham sido, de algum modo, tributários de tais traduções. Porém, o mais ignorado é que os hereges, entre eles os nestorianos, foram os tradutores de textos gregos, transmitindo-os ao mundo Persa e depois ao mundo muçulmano em cópias na escrita siríaca realizadas na “Escola de Edessa”, da Macedônia, e na “Escola de Nisíbis”, da Mesopotâmia: “Na Síria oriental e na Pérsia sassânida, a cultura clássica precedeu o islamismo, pois foi deslocada de seu centro originário de Antioquia devido à pressão político-religiosa bizantina, onde os nestorianos iniciaram o estudo das obras de Aristóteles.” 16
Desde o século III, o cristianismo era praticado na Pérsia, disputando espaço com outras crenças de proveniência oriental, sobretudo o mazdeismo*, o mitraísmo** e o maniqueísmo***. Durante o reinado de Sapor II (310-379), Papa Bar Aggai, catholicos* de Ctesifon, capital do império Sassânida, centralizou e organizou as comunidades cristãs, tornando-se representante supremo da doutrina cristã dos “Pais Ocidentais”, isto é, da doutrina proclamada nos concílios ecumênicos. O foco de irradiação da evangelização cristã na Mesopotâmia era feito a partir de Edessa, segundo as prescrições e os ritos obedecidos no mundo bizantino. Com a morte do imperador Constantino, em 337, os persas sassânidas atacaram as possessões orientais bizantinas. Perseguidos, os cristãos persas emigraram para outras regiões, como o Malabar e o Ceilão, o que foi facilitado “devido às comunicações entre a Índia e o golfo Pérsico, e ainda à existência de comunidades cristãs na Índia desde os primórdios do cristianismo.” 17
Em 410, foi realizado em Selêucia o primeiro concílio da Igreja Persa. Ali se decidiu pela adoção dos cânones de Nicéia, e também pela confirmação da liberdade religiosa na Pérsia, embora os laços com as autoridades de Antioquia não tenham sido rompidos. Isso veio há ocorrer uma década depois, em 424, devido, em parte, às diferenças na disciplina eclesiástica, que foram se acentuando, e, também, pelo distanciamento mútuo entre seus representantes, separados em territórios inimigos. Foi, portanto, por uma razão política que a Igreja persa tornou-se independente. A ruptura teve efeito disciplinar e jurídico, não afetando a doutrina: “o catholicos teria os mesmos poderes do patriarca de Antioquia, a fim de que pudesse resolver os problemas sem o recurso da ajuda sistemática da Igreja do Ocidente.” 18 Mas o distanciamento era irreversível, e em 487 completou-se a ruptura: os cristãos orientais já vistos como “cismáticos”, deste momento em diante passaram também a ser considerados “heréticos”.
A introdução do nestorianismo na Pérsia começou com Ibas de Edessa, que era adepto das ideias de Antioquia e grande admirador de Teodoro de Mopsuestia. Ele se correspondia com Dadicho (seu ex-aluno e catholicos da Igreja Persa no período de 421-456), que o mantinha informado das disputas doutrinais da Igreja do Ocidente. Em 459, Mar Narsai, que até então dirigia a “Escola de Edessa”, decidiu transferir-se para Nísibis e fundar ali um centro de saber que em breve ganharia notoriedade na formação de exegetas, teólogos e tradutores. Eis como, no século VI, este acontecimento era lembrado por Mar Barhadbsabra Arbaya:
As escolas se multiplicaram no império dos persas. Edessa obscureceu e Nísibis se iluminou. O império dos romanos encheu-se de erro, e o dos persas, de conhecimento e respeito a Deus. Mar Narsai dirigiu esta escola durante mais ou menos quarenta e cinco anos, compondo em torno de trezentas homilias e outros livros. 19
Em Constantinopla, o Imperador Zenão (474-491) defendia a via grega da doutrina cristã e, em 489, os partidários do monofisismo o pressionaram a fechar a “Escola de Edessa”, expulsando dali os nestorianos. Quando isso aconteceu, a “Escola de Nisíbis” já tinha alcançado grande fama como centro de saber graças à organização e à autoridade que Mar Narsai tinha lhe dado. Nesta verdadeira universidade-convento, havia espaços coletivos (salas, dormitório, jardins), direção e administração, um “ecônomo” para supervisionar estudantes vindos de todas as partes, e uma hierarquia nas funções pedagógicas: a função mais importante cabia aos “intérpretes” das Sagradas Escrituras, que eram auxiliados por “leitores”, responsáveis pela transmissão aos estudantes da arte de estudar os textos; por “escrutadores”, encarregados de estudar os textos filosóficos; por “meditadores”, responsáveis pelo comentário do significado oculto dos textos; por fim, pelos “escribas”, a quem cabia a tarefa de ensinar a arte da escritura. 20
O programa da “Escola de Nísibis” compreendia principalmente o estudo das Escrituras, que eram traduzidas e explicadas pormenorizadamente, mas também havia o estudo da língua e filosofia gregas, inclusive a obra aristotélica. Ali também era ensinada retórica, geografia, história, astronomia e história natural. Mas a atividade principal dos mestres era mesmo a tradução de obras gregas para o siríaco. Mar Narsai escreveu trezentas e sessenta homilias métricas, um livro intitulado Da corrupção dos costumes, enquanto Isai Ramiso, da “Escola de Seleucia”, traduziu alguns livros do Antigo Testamento, destacou-se como exegeta, escreveu centenas de cartas e homilias e muitas matérias de conhecimento eclesiástico. Tempos depois, em torno de 570, Iso Yahb era “intérprete” reconhecido, tendo mais de trezentos discípulos, enquanto Eliseu Bar Qosbaye, instruído nos livros eclesiásticos e profanos, escreveu tratados de controvérsia contra os “heréticos” e uma obra refutando o mazdeísmo. 21
No século VI, o cristianismo em sua versão nestoriana encontrara seu lugar no extenso domínio dos persas, que, ao contrário de Bizâncio, não impunha uma doutrina religiosa oficial, disputando espaço com as demais crenças que ali eram praticadas, sobretudo o mazdeísmo, que era, sem dúvida, a doutrina hegemônica. Segundo Peter Brown, os raros aristocratas convertidos ao cristianismo eram sujeitos à execração pública, sendo tratados como renegados do zoroastrismo, a “religião boa”. Tão boa que não podia ser desperdiçada com estrangeiros, que eram livres para escolher outras crenças, desde que pagassem seus tributos. Assim, nada impedia que cristãos aparecessem inclusive na corte dos imperadores como seus servidores. 22
Em meados do século VI, o mais importante líder cristão na Pérsia chamava-se Mar Aba, nascido na antiga cidade de Hâlé, em Radan, Mesopotâmia. Adepto do mazdeísmo na juventude, converteu-se ao cristianismo, vindo a ser notável intérprete na “Escola de Nísibis”, versado em persa, siríaco e grego, e compilador e intérprete da obra de Teodoro de Mopsuestia. Sua notoriedade aumentou depois de 537, quando foi eleito catholicos, cargo no qual permaneceria até 552, consolidando as normas doutrinais e morais do cristianismo persa, destacando-se também na ferrenha luta travada contra os “magos” mazdeístas que lhe disputavam a influência junto ao “rei dos reis”. 23
Mar Aba foi contemporâneo de Cosroes I (531-579), destacado soberano da dinastia sassânida e um dos mais ardorosos adversários do Império Bizantino. A rivalidade era ainda maior porque Constantinopla, principal entreposto comercial com o Ocidente, dependia dos negociantes e do governo persa para receber as preciosas mercadorias do Oriente, uma vez que tanto as vias terrestres quanto a via marítima da seda desembocavam obrigatoriamente em território persa. Da parte de Justiniano, aquela era também uma guerra contra este monopólio, e contra os altos preços dos artigos chineses e indianos pagos em dracma bizantino. O principal artigo de importação continuava a ser a seda, mas da China e Índia provinham também “perfumes, especiarias, algodão e pedras preciosas, comércio que dava aos persas enormes benefícios nas transações efetuadas com os mercadores bizantinos”.24
Um acontecimento ocorrido provavelmente no ano 542 nos permite avaliar a situação dos nestorianos em território persa, e a animosidade entre os povos e impérios concorrentes no Oriente Médio. Mar Aba tinha saído há pouco da prisão, onde permanecera algum tempo por causa das intrigas palacianas dos magos zoroastrianos. Então, sobreveio algo pior, uma embarcação grega vinda das Índias, repleta de mercadorias, foi pilhada por altos funcionários, os marzbans, e o mercador prejudicado conseguiu que Justiniano interviesse a seu favor, enviando uma carta ao “rei dos reis” na qual reclamava os bens perdidos e recuperando desta forma o produto. Segundo a Chronique de Séert, para se vingar do grego, os marzbans fizeram de tudo para prejudicar os cristãos, denegrindo-os junto a Cosroes, de modo que, até 545, bispos foram crucificados, e muitos cristãos executados 25. Neste ponto, desvelam-se alguns elementos da complexa teia de relações que envolviam religião, política e economia: a freqüência dos contatos comerciais persas e bizantinos com o Extremo Oriente; a dependência bizantina em face das rotas comerciais controladas pelos persas; e a fragilidade da minoria nestoriana.
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Um comentário:
Baixe todo este artigo em PDF. Ele com certeza é profundo e ajuda bastante a entender mto do q estava por detrás da condenação de Nestorius, e de como ele foi injustiçado pela Igreja Cristã Oficial da época, Nyu.
Todá, por este ótimo post!!!
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